O que é Paranormal
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Simulacrum:
o fenômeno da "Santa
da Janela"
RICARDO
BONALUME NETO
A imagem de Nossa Senhora que fiéis católicos enxergam
em Ferraz de Vasconcelos é o mais novo caso de um
fenômeno já observado em todo o mundo: o
"simulacrum", plural "simulacra",
nome em latim atribuído a ele por pesquisadores da
religiosidade popular.
Os "simulacra" podem não ser apenas de santos,
embora os cristãos sejam seus maiores visualizadores.
Houve o caso de uma criança de Mallala, na Austrália,
que enxergou a princesa Diana em uma mancha de umidade na
varanda da casa dos avôs, no dia em que Diana foi
enterrada.
Em Clearwater, Flórida (EUA), "surgiu" uma
imagem da Virgem Maria em janelas de um prédio da
Seminole Finance Corporation. Também na Flórida, que
concentra uma grande população de origem
latino-americana e católica, foi achada a imagem de
Jesus em uma parede em Cocoa.
Em uma cascata em Taiwan o jogo de luz e sombra da água
batendo nas rochas produziu uma imagem interpretada como
sendo do rosto de Kwan Yin, a deusa chinesa da
misericórdia e compaixão.
O "simulacrum" não é conhecido no islamismo,
que proíbe imagens religiosas. O mesmo vale para os
cristãos protestantes, que não reverenciam estátuas. A
reforma protestante no século 16 foi caracterizada pela
"fúria iconoclasta", isto é, de destruição
de imagens religiosas.
Isso não impediu que em Yankalilla (Austrália) surgisse
uma imagem de Maria na parede de uma igreja anglicana.
"É preciso fazer a pergunta óbvia: por que deveria
Maria, que é adorada pelos católicos, aparecer em uma
igreja anglicana?", indagou Laurie Eddie na revista
do movimento cético local, "The Skeptic".
Ela segue: "Essa "aparição" parece ser
nada mais que um tipo comum de ilusão visual, chamada
"simulacrum", um padrão abstrato que produz
uma impressão, nas pessoas que a vêem, de uma forma
reconhecível. São muito comuns e podem ser achadas em
estruturas naturais e artificiais".
Para o pesquisador de fenômenos supostamente milagrosos
Joe Nickell, essa visualização é uma tendência
natural da mente humana.
"Tudo que nós vemos, nós tentamos entender e
categorizar - é uma tendência humana criar sentido a
partir de formas ao acaso. Mas é algo muito seletivo. Se
você vir Mickey Mouse na floresta, você dá uma risada;
isso não significa nada. As pessoas querem uma
experiência religiosa palpável. O impulso é ver um
milagre com os próprios olhos, algo pessoal",
afirmou, comentando os "simulacra" da Flórida.
O fenômeno é tão disseminado, que em um de seus
últimos romances ("Lucky You", de 1997), Carl
Hiaasen, colunista do "The Miami Herald",
satirizou vários casos. Entre eles, o de um cubano que
faz chorar lágrimas de uma Madona de fibra de vidro, os
dos cascos de filhotes de tartaruga pintados com imagens
dos 12 apóstolos e o de uma mancha no asfalto com o
rosto de Jesus.
Hiaasen, assim como os céticos acima, não duvidam da
expressão genuína de religiosidade dos que crêem ver
um milagre. Mas alertam contra a possível exploração
comercial. Quem quiser, pode comprar, pela internet,
vídeo da Virgem de Clearwater por US$ 19,95 de uma
empresa de Nova York.
Este artigo foi
originalmente publicado na seção FOLHA
COTIDIANO do jornal "Folha de São
Paulo", edição do dia 19/07/2002, sob o
título "Fenômeno inclui princesa Diana e
deusa chinesa"
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© Folha de São Paulo
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Mancha em janela não é
santa e sim reação do vidro, diz laudo
da Folha de S.Paulo
do Agora S.Paulo
Uma
reação normal, provocada pela incidência de luz numa
mancha de água. É assim que o laudo de um especialista
em vidros convocado pela Arquidiocese de Mogi das Cruzes
caracteriza cientificamente a figura que lembra a imagem
da Virgem Maria, descoberta há 30 dias, na janela de uma
casa em Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo).
O fenômeno seria causado pela irisação, que ocorre
quando a luz bate sobre vidros armazenados em contato
constante com umidade e não completamente planos, e
reflete as cores do arco-íris, formando um desenho.
De autoria do físico Collin Rouse, ex-professor da
Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo),
o documento ainda não é conclusivo e, por isso, não
foi comentado ontem pela igreja, que espera ter
resultados definitivos apenas em setembro.
Rouse colabora com a comissão de físicos, químicos,
parapsicólogos e teólogos responsáveis pela análise
do caso, que já atraiu mais de cem mil fiéis ao nº 330
da rua Antônio Bernardino Corrêa.
O laudo que desmente o suposto milagre não foi aceito
por quem esteve ontem no local.
"Nem água, nem reação química, nem defeito no
vidro - nada disso vai abalar a nossa fé", disse
Ana Maria de Jesus Rosa, 32, dona da casa onde a mancha
surgiu.
Este artigo foi
originalmente publicado na seção FOLHA
COTIDIANO do jornal "Folha de São
Paulo", edição do dia 14/08/2002
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