O que é Paranormal
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Regressão a Vidas Passadas
Jorge A. B.
Soares
A regressão a vidas passadas tem como pressuposto a
crença na reencarnação, pedra angular de
religiões orientais, tais como o Hinduísmo, Budismo
e Jainismo.
Em várias regiões e culturas a natureza da crença
na reencarnação diverge em muitos aspectos. Afinal,
a alma entra num outro corpo logo após a morte, ou
há um intervalo entre encarnações? A pessoa sempre
reencarna como humano? Ou pode progredir a
sobrehumano, ou regredir a animal? Quantas vezes, em
média, a pessoa reencarna até se libertar do ciclo
de reencarnações: umas poucas, algumas centenas ou
840.000 como acreditam os indianos? Há muitas
controvérsias ...
A técnica de regressão a vidas passadas foi
descoberta em 1893 por Albert de Rochas quando fazia
experimentos com magnetismo e hipnose, em Paris. Seu
livro "Les Vies Successives"
publicado em 1911 é o primeiro sobre o assunto.
Em 1952 Morey Bernstein hipnotizou Virginia Tighe e
ela começou a falar com sotaque irlandês afirmando
chamar-se Bridey Murphy, uma mulher do século 19 de
Cork, Irlanda. Nas muitas sessões de regressão
hipnótica que se seguiram Bridey cantava canções e
contava histórias típicas irlandesas. O livro de
Bernstein "The Search for Bridey
Murphy" virou um best-seller mundial
traduzido em dezenas de línguas. Também foram
comercializadas em larga escala as gravações das
sessões de regressão hipnótica.
Alguns jornais enviaram repórteres à Irlanda para
investigar. Teria existido uma ruiva chamada Bridey
Murphy na Irlanda do século 19? Nada de concreto se
encontrou, porém a equipe do jornal "Chicago
American" achou uma tal Bridie Murphey
Corkell que viveu em pleno século 20 numa casa do
outro lado da rua, em frente à residência onde
Viginia Tighe passou sua infância. Os fatos
relatados por Virginia sob transe hipnótico não
eram memórias de uma vida anterior mas sim memórias
da sua tenra infância.
Confabulação e criptamnésia são os nomes
científicos desses processos ocultos da mente. Na
confabulação um fato é substituído
inconscientemente por uma fantasia. Uma
confabulação pode se basear parcialmente em fatos
ou pode ser uma construção completa da
imaginação. Criptamnésia é o termo usado para
explicar a origem das experiências que as pessoas
acreditam ser originais mas que na realidade se
baseiam em memórias de eventos já esquecidos.
Tudo leva a crer que a maioria das regressões a
vidas passadas são confabulações alimentadas pela
criptamnésia. Como vimos anteriormente, as
lembranças de Virginia Tighe obtidas pela hipnose
relativas a Bridey Murphy de Cork, Irlanda (Bridie
Murphey Corkell), se não deliberadamente
fraudulentas são lembranças de eventos que lhe
aconteceram na sua infância e que ela já havia
esquecido.
O lado mundano da regressão a vidas passadas tem se
revelado um ótimo negócio para ganhar dinheiro na
venda de livros (Shirley MacLaine, Dr. Brian Weiss) e
conduzir consultórios de TVP (Terapia de Vida
Passada). Para desbloquear traumas adquiridos ao
longo de várias vidas passadas há que se fazer um
bom número de sessões de terapia, o que é
financeiramente vantajoso para o psicólogo que as
conduz.
Infelizmente o lado científico da questão é
francamente desanimador. Não existe uma única
investigação científica que tenha validado, sem
deixar margem de dúvida, relatos de regressão a
vidas passadas. Os melhores trabalhos nesta área
são de Ian Stevenson, um parapsicólogo sério e bem
conceituado, que investigou extensivamente casos de
crianças asiáticas que pareciam recordar muitos
detalhes de sua última encarnação. Porém mesmo
esses estudos de Stevenson ao passarem por análise
minuciosa revelam sérias inconsistências internas
que os colocam em dúvida.
Para encerrar a questão, e parodiando a célebre
frase de Winston Churchill, poderia dizer-se que, no
caso da regressão a vidas passadas, "nunca
tantos acreditaram em tanto bagulho criado por tão
poucos!..."
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