A parapsicologia é uma disciplina que se enquadra dentro
das pseudociências. Tem a duvidosa honra de ser a única
pseudociência experimental, embora -a rigor- é difícil
chamar de experimento um teste de parapsicologia. Os
fenômenos parapsicológicos ou fenômenos "psi"
foram arbitrariamente divididos em:
- Telepatia, ou captação do conteúdo mental de outra
pessoa.
- Clarividência, ou captação extra-sensorial de um
objeto ou acontecimento objetivo.
- Precognição, ou captação extra-sensorial de
acontecimentos futuros.
- Psicocinese, ou influência da mente sobre a
matéria.
Os três primeiros pertencem à mal chamada percepção
extra-sensorial, e o último engloba o grupo de fenômenos
"físicos". A parapsicologia concebe a mente como
uma entidade separada do corpo e, em alguns casos os
parapsicólogos afirmam que os fenômenos não pertencem ao
âmbito do mental, pondo a "psi" em um nível que
estaria "mais além do psíquico ou mental". Os
fenômenos psi seriam: a) independentes do espaço e do
tempo; b) erráticos, ou seja, não se pode saber quando vão
apresentar-se; c) involuntários; e d) inconscientes.
Vejamos.
a) Ao serem independentes do espaço e do tempo, violam
várias leis físicas, mas os parapsicólogos -em vez de
duvidar da existência de um fenômeno tão peculiar-
sustentam que é preciso reformar toda a física para que psi
possa ser explicada (quando nem sequer está demonstrado que
exista).
b) Com a desculpa da erraticidade, os parapsicólogos
podem explicar seus fracassos dizendo que como é
errático, o fenômeno esta vez não se apresentou.
Quando obtém um resultado positivo dizem esta vez se
apresentou. Isto é equivalente a afirmar que um
remédio para a dor de cabeça deu resultado depois que a dor
passou. Se a dor não passa, então se recorre à
explicação seguinte: algo inibiu o efeito do remédio, a
concentração dos componentes não era a correta, o paciente
não estava predisposto, etc, etc.
c) Estes pretensos fenômenos não se podem manejar à
vontade, de maneira que não se pode propor produzir um
fenômeno quando se deseje, em qualquer momento ou lugar.
Esta vulgar desculpa é também frequentemente usada pelos
supostos mentalistas, videntes, etc.,
quando a colher não se dobra ou as cartas não se acertam.
d) Outra característica -dizem os parapsicólogos- é que
os fenômenos psi são inconscientes. Não se sabe quando nem
como se experimenta a telepatia ou a clarividência. Às
vezes pode-se perceber algo extra-sensorialmente e
transformá-lo em uma sensação de tristeza,
alegria, dor, sem dar-se conta de que se trata de um
fenômeno psi genuíno. Com o mesmo rigor podemos dizer que
temos um dragão verde dentro de nossa cabeça, só que o
dragão dá um jeito para desmaterializar-se cada vez que nos
tiram uma radiografia, ou se transforma em uma
sensação de calor, ansiedade, etc, etc.
Como vemos, a parapsicologia ignora a física, a biologia,
a psicologia científica e todo e qualquer conhecimento que
provenha da ciência. Não possue uma teoria que explique
satisfatoriamente como um ente imaterial (psi) pode interagir
com um sistema material (o cérebro). Tentou-se correlacionar
os fenômenos psi com diversos aspectos: a personalidade, a
atitude crédula ou incrédula, os estados alterados da
consciência, a idade, o sexo, e se utilizou uma grande gama
de instrumentos para levar a cabo investigações delineadas
para pôr à prova a hipótese da existência de psi.
Fica ridículo começar a correlacionar a psi com qualquer
característica ou habilidade se ainda não se provou sequer
sua própria existência. Por isso dizemos que a
parapsicologia não faz experimentos propriamente ditos.
Primeiro deveria provar que a variável crucial psi existe.
De igual maneira poder-se-ia propor a existência dos duendes
plutonianos, os quais são invisíveis, erráticos e
independentes do espaço e do tempo e começar a
correlacionar sua presença com o estado de ânimo das
pessoas, a personalidade, etc., sem corroborar primeiro que
realmente existam.
Pelo que se vê, a parapsicologia está longe de
transformar-se em uma ciência, apesar de que os
parapsicólogos falam de parapsicologia
científica, ou nova ciência. Mais de 100
anos de pesquisas não conseguiram provar um só fenômeno
psi. Foram feitos testes com animais, com plantas, com
material subatômico, com cartas, desenhos, estados alterados
de consciência, drogas, etc. Foram publicados experimentos
assombrosos, mas quando se tentou repeti-los, o resultado foi
o fracasso, com as consequentes desculpas pseudoexplicativas.
As mais prestigiosas revistas dedicadas à parapsicologia
deveriam publicar os milhares e milhares de testes que
produziram resultados negativos para a hipótese psi.
Tendo em conta as objeções precedentes, devemos agregar
a fraude, seja ela por parte dos investigadores ou pelos
sujeitos dotados ou sensitivos que
fazem trapaça durante os experimentos. Vários ilusionistas
peritos têm recomendado que um mágico experimentado se
encontre presente quando se faz uma investigação com
sujeitos como o famoso Uri Geller, tão propensos à fraude.
E o panorama desalentador se completa mencionando os
delineamentos experimentais defeituosos, as análises
estatísticas errôneas e outras falhas do gênero.
Perguntas sem resposta
Antes de afirmar que psi existe, os parapsicólogos
deveriam resolver certos aspectos cruciais e ainda pendentes
de definição:
- O que é energia psíquica?
- O que é psi?
- Por que psi é errática?
- Como sabemos que psi é inconsciente?
- Se psi não responde às leis naturais, a que leis
responde?
- Se psi é errática e involuntária, por que há
pessoas que parecem exercê-la à vontade em seus
consultórios profissionais?
Fazendo um exame crítico e objetivo verificamos que não
há provas nem sequer indícios a favor de psi, ou seja, da
percepção extra-sensorial e da psicocinese. Para cúmulo,
os parapsicólogos inventam novos termos para tratar de
explicar o acaso. Exemplo: o que acontece quando uma pessoa
acerta menos do que o esperado pelo acaso? Há percepção
extra-sensorial negativa? Não. De maneira nenhuma. Preferem
chamá-la psi-missing (perda de psi). Os mais
audazes propoem que a pessoa nega inconscientemente o
fenômeno e produz resultados inferiores ao esperado pelo
acaso. Este é um procedimento típico da pseudociência.
Resumindo: