O que é Paranormal
e Pseudociência?
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Paranormal e Pseudociência em exame
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Ciência, pseudociência,
alimentos e nutrição
Franco Lajolo (*)
Hábitos alimentares, produtos alimentícios e sua
relação com saúde/doença vêm ocupando espaço
cada vez maior na mídia, sobretudo porque alimentos
industrializados são presença cada vez mais
constante na dieta de todas as populações.
Como publicidade direta, merchandising, matérias
de serviço ou rotulagem nutricional, os alimentos
estão em pauta. E, no furacão que varreu
recentemente a Vigilância Sanitária, sua
adulteração foi decretada como crime hediondo. É
por fazerem parte da vida cotidiana de quase todos os
habitantes do planeta, e por movimentarem cifrões
tão grandes, que a mídia se ocupa tanto deles.
A presença dos alimentos na mídia, contudo, nem
sempre tem servido para educar o consumidor, já que,
não poucas vezes, o que rótulos, folhetos, jornais,
rádios e TVs veiculam relativamente ao pão nosso de
cada dia não constitui informação correta, não
obstante a formatação científica de que se
revestem. Em função disto, criou-se há um ano nos
Estados Unidos (paraíso da junk food, diga-se
de passagem) uma associação que reúne renomadas
instituições de pesquisa na área de alimentos, e
que tem por objetivo tornar o público mais atento
aos eventuais desacertos do noticiário relativo a
comida.
Este projeto, de alto valor educativo, gerou um
decálogo que alerta o leitor para alguns
pontos que, tornando a leitura da mídia menos
ingênua isto é, distinguindo ciência de
pseudociência pode contribuir decisivamente
para a otimização da saúde pública. O decálogo
sugere que os leitores tomem cuidado com peças
promocionais e notícias que, em estilo científico,
prometam resultados mirabolantes. São os
desserviços da pseudociência, dos quais os tópicos
abaixo constituem bons exemplos:
-
Promessa de resultados imediatos, como fazer
desaparecer de um dia para o outro o peso
acumulado nas férias, não informando aos
leitores que qualquer terapia nutricional
séria leva tempo para produzir resultados;
-
Condenação radical de um determinado
alimento, como o banimento completo da carne,
do sal ou de enlatados do regime alimentar,
desrespeitando qualquer racionalidade;
-
Produtos contendo substâncias milagrosas,
com promessas de resultados que o próprio
consumidor considera bons demais para serem
verdadeiros;
-
Redução simplista de estudos complexos,
como o que ocorre quando o resultado de uma
pesquisa que diz ter encontrado uma relação
entre colesterol e infarto preconiza
dieta que exclua completamente as gorduras;
-
Recomendações generalizantes, que não
levam em conta as diferenças entre
indivíduos, grupos de indivíduos ou faixas
etárias;
-
Orientações baseadas em pesquisas
preliminares, sonegando a informação de que
os dados disponíveis ainda são
insuficientes para conclusões definitivas;
-
Alegações sensacionalistas não-endossadas
por sociedades e instituições científicas
sérias.
O decálogo se encerra sugerindo que os leitores
não se esqueçam de que rótulos são feitos para
ajudar a vender um produto, o que torna muito
relevante perguntar-se sempre o que motiva esta ou
aquela recomendação.
Vale a pena pensar-se nisso tudo aqui no Brasil?
Com certeza. A ocasião parece oportuna para que as
luzes que incidem sobre a Vigilância Sanitária e as
medidas de impacto anunciadas pelo governo sejam
acompanhadas de um aparelho fiscalizador, que faça
valer a legislação disponível. Mas nenhuma dessas
medidas terá resultados sem uma sólida campanha de
educação do público, de forma a que as relações
entre governo, indústria de alimentos, seus
consumidores e a mídia não se mantenham
episódicas, como é o caso da crônica situação da
contaminação do leite, ou do abate clandestino de
animais para consumo.
Mais do que nunca, no Brasil de hoje todos os
segmentos envolvidos precisam ter um papel educativo,
importante tanto para as inovações da própria
indústria quanto para a defesa do consumidor. É
preciso que o público saiba avaliar correlações de
fatos, relacionar causas e efeitos, discernir o que
é certo do que é provável ou apenas possível, ou
seja, que aprenda a separar ciência de
pseudociência.
(*) Professor titular da Faculdade
de Ciências Farmacêuticas da USP
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