O que é Paranormal
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Paranormal e Pseudociência em exame
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Os Novos Dez Mandamentos
Richard Dawkins
O ZEITGEIST MORAL
Este
capítulo (Cap. 7: O Livro do "Bem" e o Zeitgeist moral mutante) começou
mostrando que nós — mesmo os religiosos — não baseamos nossa moralidade em
livros sagrados, não importa no que acreditemos. Como, então, decidimos o
que é certo e o que é errado? Independentemente de como respondamos a essa
pergunta, existe um consenso sobre o que consideramos ser certo e errado: um
consenso que prevalece de uma forma surpreendentemente disseminada. O
consenso não tem nenhuma conexão evidente com a religião. Ele se estende, no
entanto, a pessoas religiosas, pensem elas ou não que seus princípios morais
vêm das Escrituras. Com as notáveis exceções do Talibã afegão e do
cristianismo americano equivalente, a maioria das pessoas repete o mesmo
consenso liberal e amplo de princípios éticos. A maioria de nós não provoca
sofrimento desnecessário; acreditamos na liberdade de expressão e a
protegemos mesmo quando discordamos do que está sendo dito; pagamos nossos
impostos; não traímos, não matamos, não cometemos incesto, não fazemos aos
outros o que não queremos que façam conosco. Alguns desses bons princípios
podem ser encontrados em livros sagrados, mas enterrados junto com um monte
de coisa que nenhuma pessoa decente gostaria de seguir: e os livros sagrados
não fornecem regras para distinguir os bons princípios dos ruins.
Uma
forma de expressar nossa ética consensual é na forma de "Novos Dez
Mandamentos". Várias pessoas e instituições já tentaram fazer isso. O
significativo é que eles tendem a produzir resultados bastante semelhantes
entre si, e o que eles produzem é típico dos tempos em que vivem. Veja um
conjunto de "Novos Dez Mandamentos" de hoje em dia, que encontrei por acaso
numa página
pró-ateísmo na internet:
• Não faça aos outros o
que não quer que façam com você.
• Em todas as coisas, faça de tudo para não
provocar o mal. •
Trate os outros seres humanos, as outras criaturas e o mundo em geral com
amor, honestidade, fidelidade e respeito.
• Não ignore o mal nem evite administrar a
justiça, mas sempre esteja disposto a perdoar erros que tenham sido
reconhecidos por livre e espontânea vontade e lamentados com honestidade.
• Viva a vida com um sentimento de alegria e
deslumbramento. •
Sempre tente aprender algo de novo.
• Ponha todas as coisas à prova; sempre compare
suas idéias com os fatos, e esteja disposto a descartar mesmo a crença mais
cara se ela não se adequar a eles.
• Jamais se autocensure ou fuja da dissidência;
sempre respeite o direito dos outros de discordar de você.
• Crie opiniões independentes com base em seu
próprio raciocínio e em sua experiência; não se permita ser dirigido pelos
outros. • Questione
tudo.
Essa pequena coleção não é obra de um grande
sábio, ou profeta, ou de um profissional da ética. É só a tentativa
simpática de um blogger de resumir os princípios de uma vida de bem hoje em
dia, em comparação com os Dez Mandamentos bíblicos. Foi a primeira lista que
encontrei quando escrevi "Novos Dez Mandamentos" num programa de busca, e
deliberadamente não procurei mais que isso. O que interessa é que esse é o
tipo de lista que qualquer pessoa decente comum elaboraria. Nem todo mundo
faria exatamente a mesma lista. O filósofo John Rawls pode incluir alguma
coisa do tipo: "Sempre crie suas normas como se não soubesse se está no topo
ou no ponto mais baixo da hierarquia". Um suposto sistema inuíte para
dividir a comida é um exemplo prático do princípio de Rawls: quem corta a
comida é o último a escolher o pedaço.
Nos meus Dez Mandamentos emendados, escolheria
alguns dos listados acima, mas também tentaria achar espaço para, entre
outros:
• Aproveite sua própria vida sexual (desde que ela
não prejudique outras pessoas) e deixe que os outros aproveitem a deles em
particular, sejam quais forem as inclinações deles, que não lhe interessam.
• Não discrimine nem oprima com base no sexo, na
raça ou (sempre que possível) na espécie.
• Não doutrine seus filhos. Ensine-os a pensar por
si mesmos, a avaliar as provas e a discordar de você.
• Leve em consideração um futuro numa escala de
tempo maior que a sua.
Mas deixemos para lá essas
pequenas divergências de prioridade. O importante é que todos nós evoluímos,
e bastante, desde os tempos bíblicos. A escravidão, que era aceita como uma
coisa natural na Bíblia e ao longo da maior parte de nossa história, foi
abolida nos países civilizados no século XIX. Todas as nações civilizadas
hoje aceitam o que até os anos 1920 era amplamente negado, o fato de que o
voto da mulher, numa eleição ou num júri, é igual ao do homem. Nas
sociedades iluminadas de hoje (uma categoria que claramente não inclui, por
exemplo, a Arábia Saudita), as mulheres já não são consideradas uma
propriedade, como sem dúvida eram nos tempos bíblicos. Qualquer ças. E, se
ele realmente tivesse executado seu plano de sacrificar Isaac, nós o
teríamos condenado por homicídio qualificado. Mas, de acordo com a mores do
tempo dele, sua conduta era totalmente admirável, obedecendo a um comando de
Deus. Religiosos ou não, todos nós mudamos de forma maciça em nossa atitude
quanto ao que é certo e ao que é errado.
TRECHOS
SELECIONADOS DO LIVRO "DEUS, UM DELÍRIO" EDITADO PELA COMPANHIA DAS
LETRAS, 2007. COPYRIGHT EDITORA SCHWARCZ LTDA., SÃO PAULO, SP. O
texto integral do livro "Deus, um delírio", em formato .PDF, pode ser
baixado no
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