O que é Paranormal
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Paranormal e Pseudociência em exame
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Um método de cura diferente?
John Angier e David
Huntley
"Nos dias atuais cresce o
interesse num ramo da medicina que muitos médicos não
consideram medicina de forma alguma," diz Alan Alda
em "Um Método de Cura Diferente?" O programa
que foi transmitido pela PBS no dia 4/06/2002, põe à
prova as terapias "alternativas" ou
"complementares": acupuntura, fitoterapia,
quiropraxia e toque terapêutico fazem parte de uma
florescente indústria multibilionária. Mas será que
elas se apoiam na pesquisa científica? Wally Sampson,
oncologista aposentado da Stanford Medical School, editor
da Scientific Review of Alternative Medicine, diz a Alda
que a base científica da cura é o estabelecimento de
uma relação de causa e efeito. A maioria das pessoas
recuperam-se de doenças espontaneamente, no entanto com
freqüência as pessoas atribuem incorretamente a melhora
da sua saúde a qualquer terapia que tenham experimentado
logo antes de terem melhorado.
Sampson
e Alda visitam uma loja de ervas medicinais chinesas e
uma revenda de produtos naturais que comercializa
centenas de "suplementos nutricionais" não
regulamentados pela fiscalização sanitária do governo.
Sampson ressalta que os remédios com base em ervas
tradicionais e suplementos populares tais como
Echinacea para resfriados ou IP-6 para câncer
nunca foram cientificamente estudados, ou mostraram
efeitos ambíguos na melhor das hipóteses.
Em meados da década de 1990,
pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São
Francisco, tentaram conduzir um experimento clínico de
PC-SPES, um suplemento nutricional que tornou-se popular
como remédio para o tratamento de câncer da próstata.
PC-SPES (PC vem de câncer da próstata
"prostate cancer", em inglês; SPES em latim
significa "esperança") é uma mistura de oito
ervas medicinais tradicionais -- sete chinesas, e uma
americana. Inicialmente, pacientes no experimento
mostraram melhoras impressionantes, mas logo cresceu a
suspeita de que o remédio tinha sido batizado com DES,
um hormônio sintético de uso padrão na terapia do
câncer prostático. Análises de laboratório revelaram
traços de DES, embora a equipe do UCSF tenha sido
incapaz de dizer que efeito medicinal, talvez nenhum,
possa produzir. Todavia o experimento foi suspenso, e o
PC-SPES atualmente está fora do mercado.
A história do PC-SPES demonstra a
dificuldade de obter resultados rigorosamente
científicos com fitoterápicos. Uma mistura de ervas
medicinais pode conter centenas de princípios químicos
diferentes, e é difícil saber quais os ingredientes que
podem estar ativos -- ou mesmo quais são eles. Embora o
PC-SPES possa ainda ser útil, nunca saberemos com
certeza -- e isso é verdade para a maioria das ervas
medicinais.
Uma sadia dose de ceticismo levou John
Badanes, um quiroprático diplomado e experiente, a
abandonar sua especialidade. Inventada por Daniel Palmer
em 1895, a quiropraxia visa corrigir nervos bloqueados --
que, segundo Palmer seriam a causa de todas as doenças
-- com "ajustes" da coluna vertebral. Mas, como
Badanes diz a Alda, a quiropraxia não tem base na
anatomia. Conduzindo um exame típico, Badanes mostra
como um simples erro pode levar um quiroprático a
avaliar que as pernas de um paciente têm comprimentos
diferentes, necessitando ajuste quiroprático para
realinhá-las -- mesmo que isso seja anatomicamente
impossível. Badanes explica como os pacientes e os
próprios quiropráticos interpretam erroneamente o som
de estalo que acompanha a manipulação da coluna
vertebral. Na realidade é gás dissolvido sendo liberado
no fluido das articulações (a mesma coisa coisa que
acontece quando você estala os dedos) e não um sinal de
que as vértebras estão mudando de posição
outra impossibilidade anatômica.
A exemplo de Badanes, o médico Robert
Baratz, diretor executivo do National Council Against
Health Fraud, discorda da quiropraxia. Baratz se preocupa
com o risco de dano à coluna durante a manipulação do
pescoço, que pode aplicar severa tensão numa artéria
vertebral, levando à coagulação do sangue e derrame
cerebral.
Ainda que os quiropráticos afirmem que
este tipo de dano é muito raro, um estudo recente
realizado no Canadá estimou que 20% de todos os derrames
causados por dano arterial podem ser o resultado de
manipulação das vértebras do pescoço. Essa
porcentagem se traduz em mais de 1.300 derrames por ano
nos Estados Unidos.
Talvez a terapia alternativa mais
aceita atualmente seja a antiga prática chinesa da
acupuntura, ainda que o júri científico esteja em
desacordo quanto à sua eficácia.
Em estudos com animais, John Longhurst,
Chefe de Cardiologia na Universidade da Califórnia,
Centro Médico Irvine, descobriu uma ligação entre
acupuntura e a liberação de opiatos naturais no
cérebro, que reduziu a reação do animal ao estresse,
contendo a pressão sanguínea. Atualmente ele está
tentando descobrir se isso também se aplica aos humanos,
mas os resultados até agora são difíceis de
interpretar.
Indivíduos que participam em um desses
experimentos pedalam uma bicicleta ergométrica até
ficarem exaustos, quando sua pressão sanguínea atinge o
nível máximo. Os que foram submetidos à acupuntura
antes dos exercícios mostraram níveis de pressão
sanguínea máxima significativamente menores do que os
daqueles que não foram submetidos à acupuntura -- mesmo
que alguns dos pontos de acupuntura usados nos
experimentos não devessem afetar o sistema
cardiovascular. Longhurst acredita que a acupuntura -- e
a maioria das terapias alternativas -- funciona estimulando
os opiatos naturais do corpo humano.
No Columbia-Presbiterian Hospital, na
cidade de Nova York, pesquisadores estudaram o toque
terapêutico, uma terapia alternativa que cresce em
popularidade, cujos praticantes alegam manipular à
distância os "campos energéticos" das
pessoas. O estudo foi dirigido a pacientes convalescendo
de cirurgia cardíaca de ponte de safena. Alguns
receberam tratamento de aplicadores de toque
terapêutico, outros receberam um placebo e um terceiro
grupo nada recebeu. Os mesmos tratamentos foram dados a
culturas de células cancerígenas, mas nenhum efeito
identificável foi percebido em nenhum caso.
Em 1996, num projeto escolar de feira
de ciências conduzido por uma menina de 11 anos, Emily
Rosa, lançou dúvidas sobre um princípio fundamental do
toque terapêutico -- a habilidade de detectar o campo
energético de outra pessoa. Trabalhando com praticantes
de toque terapêutico impossibilitados de verem o que ela
estava fazendo, Rosa colocava uma das suas mãos perto de
uma das do praticante -- e pedia-lhes que dissessem de
qual das suas mãos ela estava próximo. As taxas de
acerto dos praticantes de toque terapêutico não foram
superiores ao puro acaso. O estudo de Rosa foi
considerado suficientemente preciso para ser publicado no
Journal of American Medical Association, tornando-a a
mais jovem autora a aparecer em suas augustas páginas.
O
original deste artigo intitulado "A
Different Way to Heal?" foi
escrito, produzido e dirigido por John Angier e
David Huntley. A série é apresentada na rede de
televisão PBS da Connecticut Public Television.
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2002 - The Chedd-Angier Production Company
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