O que é Paranormal
e Pseudociência?


Artigos em foco

Dicionários e Glossários

Livros de Paranormal
e Pseudociência


Links



 

Paranormal e Pseudociência em exame
 


Magia e "simpatia" funcionam?

                                                                                          por Jorge A. B. Soares



A magia é a tentativa de manipular e controlar situações críticas através da conjuração dos chamados "poderes sobrenaturais". O apelo a essa interferência do "plano espiritual" se faz através de técnicas ritualísticas (oferendas, encantações, maldições), porte de talismãs e amuletos, etc.

Fala-se em magia branca ou magia negra segundo seja feita para o bem ou para o mal. Em magia propiciatória, preventiva, defensiva ou terapêutica conforme o objetivo dos rituais mágicos. E em magia homeopática (imitativa) ou de contágio de acordo com a técnica do ritual.

A magia homeopática se baseia no princípio de que "semelhante atrai semelhante". Para fazer chover, um feiticeiro africano usará a magia homeopática imitando o ruído da chuva, despejará água numa peneira ou saltitará agachado, coaxando como um sapo debaixo de chuva, ou cobrirá a cabeça com uma folha de palmeira fingindo que está chovendo. Para fazer parar a chuva, ele poderá acender uma fogueira imitando a saída do sol.

A magia de contágio pressupõe uma ligação mágica entre as partes e o todo. Se um feiticeiro possui um pertence de um inimigo - uma peça de roupa, fios de cabelo, fragmentos de unha - julga que terá poder sobre ele. Se ataca qualquer uma dessa coisas, seu possuidor também será atingido. Uma foto, imagem ou boneco de uma pessoa também serão meios úteis para lhe fazer mal. É comum, ainda, considerar o nome e a data de nascimento de alguém como partes mágicas dela e utilizá-los na prática de malefícios.

A "simpatia" é uma versão light da magia, uma forma branda de magia ao alcance de qualquer um, que atribui a certos rituais ou ao porte de amuletos a cura de doenças ou afastamento do mal. Por outro lado, algumas práticas mágicas hard core exigem a intervenção de um especialista: feiticeiro, curandeiro, mago, bruxo, etc.

A melhor abordagem para a magia é interpretá-la como uma pré-ciência. Na falta de explicações científicas para esclarecer os fenômenos naturais, quando as noções empíricas sobre o funcionamento da natureza e da sociedade não forneciam respostas satisfatórias, o homem primitivo recorria ao sobrenatural lançando mão das crenças mágicas.

E a magia funciona, é eficaz?

Observações irreverentes, humorísticas, a esta pergunta poderiam ser do tipo:

  1. Como já dizia João Saldanha, se magia (macumba) resolvesse alguma coisa no futebol os campeonatos baianos terminariam empatados, com todos os times em primeiro lugar;

  2. O mago Paulo Coelho diz ser capaz de produzir chuva, à vontade. E realmente conseguiu fazer "chover" dinheiro na sua conta bancária, através da venda dos seus livros sobre magia alquímica;

  3. O mago Carlos Castañeda realizou a mágica de aprovar sua tese de antropologia, na Universidade da Califórnia, embasada em dados forjados.

Agora, falando sério, os crentes na magia realizam o ritual apropriado e ficam aguardando os resultados. Como não existe um prazo determinado para a aparição dos efeitos, há uma boa chance de que algo favorável aconteça por acaso, espontaneamente, e seja interpretado como um resultado positivo. Como já bem dizia Stephen Jay Gould, "o tempo transforma o improvável no inevitável".

E, se nada acontece, aí vão surgindo as desculpas, do tipo:

  1. o ritual não foi realizado precisamente nos mínimos detalhes, por isso não funcionou;

  2. a "vítima" do ritual mágico também fez seu ritual mágico para se proteger e "o santo dela é mais forte do que o seu".

Há casos em que a magia funciona mesmo, não devido à atuação de forças sobrenaturais, mas sim devido ao efeito da auto-sugestão. O pensamento exerce um poder fantástico sobre o corpo que o torna capaz de realizar verdadeiros prodígios, para o bem e para o mal. Exemplo: se eu tomo um remédio acreditando firmemente que ele vai me curar, há uma boa chance de que isso aconteça, mesmo que o remédio seja inócuo. É o tão conhecido "efeito placebo" na área da medicina.

Por outro lado, se fico sabendo que um inimigo meu contratou um feiticeiro para lançar um sortilégio contra mim e acredito nos poderes mágicos desse feiticeiro, estou numa enrascada pois o efeito da sugestão trabalhará para que o mal se concretize. Na realidade, não é a magia que funciona, mas sim a auto-sugestão negativa que "envenena" a minha mente que por sua vez ataca meu corpo. É o chamado "efeito nocebo".

Portanto, amigo, se você quer ficar imune à magia, simplesmente certifique-se de que não acredita, em hipótese nenhuma, no poder do sobrenatural para afetar sua vida.

É impressionante o fato de tantas superstições e crendices sobreviverem na moderna sociedade industrial onde o desenvolvimento da ciência e tecnologia não deveria deixar espaço para o sobrenatural. As últimas décadas trouxeram, pelo contrário, o crescimento das crenças no paranormal e nas pseudociências.

É triste constatar que a cultura científica é privilégio de uns poucos, mesmo nos países mais desenvolvidos. O homem comum vive num mundo assombrado pelos demônios, onde explicações pseudocientíficas e místicas ocupam cada vez mais os espaços dos meios de comunicação.


 


COMENTÁRIOS:   paraciencia@hotmail.com

blogspot counter