O que é Paranormal
e Pseudociência?
Artigos em foco
Dicionários e Glossários
Livros de Paranormal
e Pseudociência
Links
|
Paranormal e Pseudociência em exame
|
|
Levitação
por Jorge A. B. Soares
Levitação é a suspensão ou deslocamento de um corpo ou objeto no ar, sem
o auxílio de forças mecânicas, violando assim a lei da gravidade.
No laboratório, a levitação pode ser cientificamente produzida com a
utilização de forças eletrostáticas, eletromagnéticas ou ondas
acústicas. Uma aplicação industrial da tecnologia de levitação magnética
são os trens Maglev que flutuam a cerca de dez centímetros acima
dos trilhos num “colchão magnético”, eliminando-se as rodas
convencionais e o atrito com o chão, o que aumenta bastante a velocidade
de deslocamento.
Ilusionistas profissionais deliciam
suas platéias fazendo suas assistentes “flutuar no ar”, sem nenhum apoio
visível, porém o que nos interessa neste artigo é a
denominada “levitação metafísica”, um tipo de dom paranormal atribuído a
santos ou místicos, bruxas, médiuns espíritas, faquires indianos e
praticantes da Meditação Transcendental.
Os relatos mais antigos
de levitação remontam ao início da era cristã. Pode-se mesmo considerar
que o andar de Cristo (e de Pedro) sobre as águas (Mateus 14:25-31) seja
uma variante da levitação, apenas com a diferença de envolver água em
vez de ar. No Sepher
Toldos Jeschu, escrito cerca de 300 D.C., o poder de
levitação é associado à posse da palavra de poder mística ou
Tetragrama - o nome verdadeiro de Deus - um segredo zelosamente
guardado.
Durante a Idade Média e
Renascença atribuía-se às bruxas o poder de voar (cavalgando cabos de
vassoura ou não) obtido mediante aplicação no corpo de ungüentos à base
de mandrágora e beladona. A levitação era (e ainda é) relatada em casos
de possessão demoníaca.
Na história do
Cristianismo há registros de mais de 200 santos que teriam levitado pelo
menos uma vez à vista de testemunhas. Os casos mais famosos são os de S.
José de Cupertino e Santa Teresa de Ávila, e o mais recente é o da Santa
Marie-Françoise des Cinq Plaies, falecida em 1791.
Na segunda metade do
século 19, após o surgimento dos primeiros fenômenos espíritas
demonstrados pelas irmãs Fox em Hydesville, N.Y., E.U.A., cresce o
interesse do público pelos fenômenos de levitação produzidos por
médiuns, tais como Daniel Douglas Home, Eusápia Palladino, Stainton
Moses, Mrs. Guppy e Willy Schneider.
Daniel Douglas Home é sem dúvida tido como o expoente maior da
levitação, considerando a quantidade, complexidade e qualidade das suas
levitações. Um dos seus melhores casos aconteceu em 16 de dezembro de
1868 envolvendo respeitados membros da sociedade londrina: Lorde Adare,
Lorde Lindsay e o capitão Charles Wynne viram D. D.
Home elevar-se no ar, flutuar para fora, através de uma janela e entrar
por outra, a 24 metros de altura, numa grande e elegante casa de
Londres.
D. D. Home tornou-se conhecido inicialmente por levitar e por fazer
certos objetos levitarem (em certa ocasião foi um grande piano). Não foi
o único a possuir essa capacidade de supostamente desafiar a lei da
gravidade, mas certamente foi o mais hábil de todos os levitadores;
tinha extraordinária habilidade de manipular o público e sabia escolher
com precisão as platéias e os momentos certos para exibir suas
qualidades. E soube exatamente quando parar, antes que o público ficando
mais crítico e atrevido começasse a avançar sobre os médiuns em plena
atividade, revelando seus truques.
Nos tempos modernos o
único caso sensacional de testes de levitação cientificamente
controlados foi o de Nina Kulagina, uma paranormal russa dos anos 1960.
Ela demonstrou suas habilidades a cientistas ocidentais que a observaram
levitar pequenos objetos dos mais diversos tipos, tais como, copos,
bolas de ping-pong e fósforos, porém nunca levitou a si própria.
Contudo, é bom notar que todos esses feitos são comumente reproduzidos
por ilusionistas no palco, e que mesmo os cientistas mais céticos e
bem-intencionados podem ser enganados pelos truques de mágicos
experientes, como James Randi provou em 1979 no seu Projeto Alfa.
Quanto às condições sob
as quais Nina Kulagina operava, estavam longe do mínimo aceitável em
termos de controles científicos básicos. Testes eram freqüentemente
realizadas em sua casa ou em quartos de hotel e nunca nenhum controle
rígido lhe foi aplicado devido ao fato de que uma demonstração sua
poderia requerer várias horas de concentração prévia, e mesmo assim não
havia nenhuma garantia de sucesso. Infelizmente, nenhum especialista em
prestidigitação esteve presente às demonstrações de Kulagina.
César Romão, no seu artigo “Os perigos do ocultismo”, assim relata um
caso típico de levitação produzida por faquires que ele presenciou numa visita à
Índia:
“Na Índia alguns gurus fascinaram pessoas com a levitação e tudo o
mais que conseguiam ocultar, desde centenas de anos atrás até hoje.
Levitação era o sinal maior de um ser iluminado: apenas aqueles que já
estavam próximos da grande preparação poderiam conseguir tal feito,
eis aí o tão desejado caminho do mestre Buda. Mas, hoje, as coisas não
funcionam bem assim; não estão mais tão ocultas assim, ou melhor,
estão se "desocultando" para o espanto dos crentes e descrentes...
Numa dessas andanças, avistamos uma
verdadeira multidão que ralava seus joelhos no chão para chegar perto da
respiração de um Sufi que estava suspenso no ar. Literalmente, ele
levitava, nada embaixo, nada dos lados... Quando a noite chegou o povo
tinha de se retirar, pois o iogue tinha de voltar à terra e só poderia
fazê-lo sem ninguém por perto, afinal seu ato de ocultismo envolvia
espíritos que poderiam assustar as pessoas, e ninguém queria arriscar.
Eis que, com a mesma leveza, seus pés deixam o céu e pisam o solo. Não
nego que meu coração quase saiu pela boca de tanto espanto.
Acompanhe bem agora o restante da
história... Este iogue vestia aquelas roupas típicas indianas, traje
completo. Tinha um cajado bem legal e sua levitação na posição de lótus,
aquela de pernas cruzadas em xis, era perfeita. Seu braço apoiava-se
apenas no cajado, enquanto levitava. Nada havia abaixo, acima ou aos
lados dele. Mesmo quando ele saiu da posição, continuou segurando o
cajado. Foi aí que meu acompanhante chamou minha atenção para o cajado.
O truque era esse: enquanto ele estava na posição de lótus segurando o
cajado, uma barra de madeira entrava pelo punho, por debaixo da roupa, e
escondia um tipo de banco suspenso, onde o iogue tinha apenas de se
manter equilibrado.
Durante centenas de anos, e até hoje ainda,
aqueles que não conhecem o truque, rendem graças a estes ‘picariogues’.”
César Romão continua
seu relato, agora envolvendo a levitação produzida por praticantes da
Meditação Trancendental:
“Ainda na Índia, conheci o tão famoso "Vôo
de Maharishi" no qual, segundo seus praticantes, a pessoa entrava em tão
profundo grau de meditação que poderia fazer um vôo na posição de lótus
por alguns metros. Este Mestre da Filosofia Védica, Maharishi Mahesh
Yogi, chegou a ter uma fama descomunal quando levou para sua platéia os
Beatles. Sim, todos eles, Paul, John, Ringo, George, em carne e osso...
Dizia-se que este Yogi podia voar. Quando o conheci, vi muitas pessoas
meditando em almofadas e, de repente, saíam saltando na posição de lótus
alguns centímetros à frente.
Vejam que estou dizendo saltando e não
voando, pois eles davam impulso ao corpo com as pernas em posição de
lótus, levando uma força impulsora para os joelhos. E, por incrível que
pareça, todas essas pessoas, ao saírem do transe, afirmavam ter voado.
Na minha mente, com certeza, eu mesmo já
saltei do Grand Canyon e me saí muito bem, bastou voar - descobri assim
como minha mente é poderosa. Depois de descobrir o ocultismo do vôo de
Maharishi, fiquei sabendo que ele realmente voa quando vi, no
equivalente à sua declaração de renda, que possuía apenas dois
helicópteros para locomover-se pela Índia...”
Um princípio básico do
pensamento crítico diz que “alegações extraordinárias exigem provas
extraordinárias”. Isto significa que não devemos aceitar fenômenos
fantásticos, que contrariam frontalmente as leis naturais conhecidas
pela ciência, a menos que as evidências para sustentar essas alegações
sejam fortes e de altíssima qualidade.
Vimos acima que os
relatos de levitação mais impressionantes são exatamente os mais
antigos, quando ainda não existiam os controles rigorosos em
delineamentos de experimentação científica. Note-se que, nos tempos
modernos, quando abundam as máquinas fotográficas e câmeras de vídeo
capazes de trabalhar no escuro, na faixa do infravermelho, sumiram os
fenômenos de levitação!... Até hoje, nenhum fenômeno de levitação foi
cientificamente comprovado, quando submetido a condições rigorosas de
teste.
Lembremo-nos que a
Fundação James Randi oferece o prêmio de 1 milhão de dólares a quem
produzir qualquer tipo de fenômeno
paranormal. Está na hora de alguém ir lá, demonstrar seu poder de
levitação, embolsar o prêmio e tornar-se instantaneamente conhecido e
divulgado nas manchetes de jornais do mundo inteiro.
BIBLIOGRAFIA:
Fenômenos -
Levitação.
http://fenomeno.matrix.com.br/fenomeno_fenomenos_1_mist-levita.htm
Romão, César. Os
perigos do ocultismo.
http://www.cesarromao.com.br
| |