O que é Paranormal
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Paranormal e Pseudociência em exame
 


O SBT e os curandeiros


                                                                                                         Roberto Takata (*)


No SBT Repórter exibido em 1/6/2000 foram ao ar reportagens sobre tratamentos com plantas. Misturou-se ciência, charlatanismo, curandeirismo e folclore. Não faltaram chazinhos e outras beberagens que curam câncer, pressão alta, diabetes e Aids.

Um dos entrevistados – ex-psiquiatra – dizia tratar de câncer de estômago à base de suco de uva. Para o pretenso terapeuta câncer é formado por células mortas... Os tumores de câncer são formados por células que se dividem descontroladamente – na verdade, podemos dizer que as células cancerosas são sob um certo ponto de vista imortalizadas – exatamente o contrário do que afirmava o "terapeuta" alternativo.

De forma irresponsável, o programa passava nas telas a receita de cada beberagem – como se fossem simples receitas culinárias. Talvez os editores tivessem em mente que se bem não faz mal também não. Isso é indução à automedicação – que de nenhuma forma é minimizada pelo aviso discreto ao final do programa de que se deveria sempre procurar orientação médica. Não bastasse isso disponibilizaram o receituário em seu sítio eletrônico – e sem nenhum aviso de alerta sobre os perigos potenciais.
 

Cura de enxaqueca

A maioria dos "terapeutas" alternativos avisava para não se abandonar o tratamento convencional. Menos mal. Porém, esperam que em melhorando o paciente este atribua o efeito não ao tratamento convencional, mas ao "alternativo" – como não raras vezes ocorre. Outro porém é que a receita na melhor das hipóteses é inócua – o que faz com que a pessoa desperdice dinheiro em algo que não tem efeito real algum; i.e., seja vítima de charlatanismo. Ou alternativamente a pessoa pode estar tomando um remédio à base de plantas que tenham princípios ativos perigosos – potencialmente venenosos – ou que reaja antagonicamente ao remédio usado no tratamento convencional ou que potencialize seus efeitos – somente estudos detalhados podem dar informações quanto a isso: informações ausentes para boa parte das plantas utilizadas nesses "tratamentos" e as que existem seguramente são ignoradas pela maioria dos "terapeutas" por falta de formação adequada.

A fitoterapia pode, destaque-se o "pode", ser uma boa alternativa para os tratamentos convencionais mais dispendiosos – porém o uso depende do conhecimento prévio da eficiência de cada planta para casos específicos, bem como seus efeitos colaterais: conhecimentos estes essenciais para a prescrição ou não de seus usos.

E, para "comprovar" a eficácia dos tratamentos alternativos, o programa acompanhou um (e apenas um) caso antes e depois do tratamento. Não há validade nenhuma nesse acompanhamento: casos há em que ocorre regressão espontânea de doenças (como no dito "Não trate da gripe e ela durará toda uma semana; trate-a e ela se curará em apenas sete dias!") e não houve isolamento do efeito placebo (a melhora dos sintomas em função de o paciente simplesmente acreditar que está sendo tratado). Tanto mais suspeito o relato de melhora por parte da paciente por se tratar de uma doença que pode ser de origem psicológica – a enxaqueca.
 

(*) Mestrando em Biologia no Instituto de Biociências da USP


 


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