O que é Paranormal
e Pseudociência?


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Paranormal e Pseudociência em exame
 


Por que as pessoas acreditam em coisas estranhas

                                                                                                       JORGE ALBERTO C. B. SOARES

 

A qualquer hora do dia ou da noite, você liga a televisão e lá vem um daqueles programas sobre temas misteriosos: discos voadores, fantasmas, monstro do Lago Ness, Big Foot, sudário de Turim, etc. A mídia se aproveita da nossa fascinação pelos fenômenos misteriosos e fatura em cima da credulidade humana.

Por que isso acontece?  Nas palavras de Michael Shermer, "há muitas razões pelas quais as pessoas acreditam em coisas fantásticas, mas certamente a mais comum é simplesmente porque nunca ouviram uma boa explicação para as coisas misteriosas que ouviram ou leram. Por falta de uma boa explicação, elas aceitam a má explicação que é tipicamente oferecida”.

O baixo nível do nosso sistema educacional, no que tange ao ensino das ciências, certamente contribuiu para a multiplicação dos mitos, crendices e superstições.

O modo como a mente humana funciona também explica a origem de muitas dessas crenças. A seleção natural moldou nosso cérebro para tomar decisões rápidas, em condições de informação escassa e precária, e então o computador mental preenche as lacunas com dados de arquivo fornecendo respostas frequentemente ilusórias. Felizmente, o avanço das neurociências nas últimas décadas vem causando uma revolução na explicação científica dos fenômenos paranormais. As pesquisas científicas sobre os estados alterados da consciência (aparições, experiências fora do corpo, alucinações, transe, dissociação, experiências de quase morte e outros), trouxeram explicações mais plausíveis para a maioria desses fenômenos.

Paranormal é todo o fenômeno que parece transcender as leis naturais e estar fora dos limites da experiência normal ou dos fenômenos explicáveis pelos conhecimentos científicos existentes. O que define a paranormalidade de certos fenômenos é que os cientistas não podem referendar sua existência ou ocorrência com uma explicação ou teoria considerada plausível. Por exemplo, os fenômenos parapsicológicos tais como a telepatia, a telecinesia, a clarividência e a precognição são exemplos típicos do paranormal, pois não podem ser aprovados e explicados pela ciência atual.

Pseudociência é todo o saber coerente e organizado com uma ciência, mas sem o rigor do método científico.

Pseudociência e paranormalidade são diferentes. Muitas crenças não são científicas porque violam as regras de evidência e os métodos de pesquisa científica, porém não são paranormais no sentido de invocar um poder ou mecanismo causal que contraria as leis da natureza. Crenças em fenômenos exóticos, tais como o Mapinguari, Nessie, Yeti e Big Foot representam exemplos típicos de pseudociência. Teoricamente, dentro dos parâmetros atuais da ciência, tais criaturas poderiam existir sem violar nenhuma lei natural, porém a maioria dos cientistas considera que as evidências que poderiam apoiar sua existência são fracas, inconclusivas, contraditórias ou não-confirmatórias. 

A pseudociência não é inócua; ela pode matar, pura e simplesmente. Deve-se à pseudociência, por exemplo, as mortes prematuras de pessoas que caíram nas mãos de curandeiros e recusaram terapias da medicina convencional tais como cirurgias cardíacas ou tratamentos contra o câncer que poderiam ter salvado suas vidas. Graças aos que administram a "cura pela fé", muitas centenas de diabéticos são hospitalizados em estado de coma após interrupção do seu tratamento insulínico seguindo as recomendações desses 'terapeutas'. Muitos doentes de câncer abandonam a medicina científica e passam a tomar poções homeopáticas, extratos de ervas, cartilagem de tubarão ou submetem-se a cirurgias mediúnicas.

A pesquisa do paranormal utilizando os métodos científicos começou 1882 com a fundação em Londres da Society for Psychical Research, por um grupo de eminentes pensadores, entre os quais Edmund Gurney, Frederic William Henry Myers, William Fletcher Barrett, Henry Sidgwick e Edmund Dawson Rogers. De lá até hoje, decorridos 130 anos, nenhum fenômeno paranormal foi validado pela comunidade científica internacional.

Nos EUA, a James Randi Educational Foundation instituiu em 1964 um prêmio destinado a qualquer pessoa que demonstre evidência de habilidade paranormal, sobrenatural ou de poderes ocultos. Valendo atualmente um milhão de dólares, o prêmio continua até hoje sem ganhador.

A partir da década de 1970 começaram a surgir nos EUA organizações criadas para encorajar o livre-pensamento e a investigação crítica de alegações paranormais e pseudocientíficas no que passou a ser denominado de movimento cético internacional que reúne atualmente inúmeras entidades em dezenas de países.

Em entrevista recente à revista eletrônica Wired, James Randi, um dos expoentes do movimento cético internacional, assim sumariza suas convicções pessoais sobre o paranormal e a pseudociência:

·         PES (Percepção Extra-Sensorial), psicocinesia, profecia, etc. — não existem.

·         A homeopatia é uma farsa perigosa.

·         A cura pela fé é uma piada mortal.

·         O movimento perpétuo é um sonho juvenil.

·         O Uri Geller é um mágico de meia-tigela.

·         Os mortos não falam com ninguém.

·         A religião é uma antiga noção que precisamos superar.

Assombrados pela escuridão que parece tomar conta do mundo, onde explicações pseudocientíficas e místicas ocupam cada vez mais os espaços dos meios de comunicação, vamos acender a vela do conhecimento científico para tentar iluminar os dias de hoje e recuperar os valores da racionalidade.

Em meio a anjos e ETs, astrólogos e médiuns, fundamentalismos religiosos e filosofias alternativas, dois mais dois continuam a ser quatro e as leis da mecânica quântica permanecem valendo em qualquer parte do planeta.

É hora de reafirmar o poder positivo e benéfico da ciência e da tecnologia!

Jorge Alberto C. B. Soares é Engenheiro Agrônomo e mantém dois sites sobre pensamento crítico: “Paranormal e Pseudociência em Exame” e “Skeptic’s Digest”.

 

 



 


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