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Paranormal e Pseudociência em exame
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Bruxas
Voadoras e Africanos
por: Leo Igwe
Quando as crenças supersticiosas passam
despercebidas, assumem às vezes formas muito bizarras. Frequentemente
elas são vistas como "ciência" e promovidas abertamente e com confiança,
como se fossem baseadas em fatos e provas. Elas podem ser investidas de
sacralidade e protegidas do exame crítico e escrutínio. As superstições
são muitas vezes invocadas pelos políticos para demonstrar poder,
legitimidade e autoridade.
A aceitação de superstições deveria pôr em dúvida
o estado mental de um povo e fazer com que os outros questionem a sua
pretensão de racionalidade. Fazer afirmações supersticiosas reforça a
ideia de que alguns seres humanos são atrasados, presos em idade
pré-moderna e desceram a escada da civilização humana a um estado não
iluminado. Crenças irracionais expressas publicamente por líderes
públicos envergonham uma nação e uma geração. É este o caso da
Suazilândia.
Em maio de 2013 as autoridades da aviação na
Suazilândia emitiram um comunicado que surpreendeu muitas pessoas ao
redor do globo. Eles alertaram que as bruxas voando alto seriam
penalizadas. Bruxas voando alto? Serão penalizadas? O Diretor de
Assuntos Corporativos da Suazilândia, Sabelo Dlamini, realmente disse:
"Uma bruxa em uma vassoura não deveria voar acima do limite de 150
metros". Uau!
Claro que, ao ouvir esta diretiva, pode-se pensar
que era algo feito por alguém determinado a desacreditar a última
monarquia absolutista da África. Longe disso, foi uma declaração de
política por parte das autoridades de aviação na Suazilândia para
regular “vôos de bruxas” neste século 21.
Você pode ter se perguntado se ainda existem
seres humanos que levam a sério a noção de uma "bruxa voadora". Sim, há!
O povo da Suazilândia realmente acredita nisso que se reflete nessa nova
lei do país.
Não é só na Suazilândia que a noção de um "vôo de
bruxa" é levado a sério. Na verdade, em toda a África, as pessoas
acreditam fortemente que as bruxas voam, em várias formas, tamanhos e
feitios, na maioria das vezes durante a noite.
Alguns africanos mais educados acreditam que as
bruxas realizam seus vôos noturnos, não fisicamente ou em formas que
podem ser detectadas ou reguladas por autoridades da aviação, mas
espiritualmente. É somente quando as coisas vão mal no curso do suposto
"vôo espiritual" e
as bruxas
caem ao solo que elas são expostos fisicamente. Curandeiros ou alguém
com poderes mágicos se acredita serem capazes de rastrear
espiritualmente um vôo de bruxa.
Em toda a África meridional, há uma crença de que
as bruxas voam à noite em cestas de abanar. Recentemente,
duas supostas 'bruxas' foram presas pela polícia no Zimbábue após um
'pouso forçado' fora de uma casa em Harare. Elas foram encontradas com
uma coruja viva, duas cestas de abanar e uma parafernália de artigos relacionados à
bruxaria. As duas mulheres foram levadas ao tribunal e acusadas por
'engajar-se em práticas comumente associadas à bruxaria’.
A ideia de uma bruxa voadora é uma bobagem para a
humanidade educada, mas é tomada como verdade absoluta por milhões de
africanos. O vôo da bruxa faz tanto sentido para o povo do Zimbábue que
as autoridades puderam acusar essas pobres mulheres em juízo e não serem
ridicularizados fora da corte. A ideia de bruxas voadoras é de tal
importância que o governo da Suazilândia decidiu agora regulamentá-la.
Será que as autoridades já pegaram alguma bruxa
voando num cabo de vassoura no espaço aéreo do país? Algumas bruxas
voadoras teriam sido pegas no Zimbábue, mas foram fotografadas sentadas
no chão. Por que nenhuma bruxa voadora africana foi apanhada ou
fotografada voando? Por que os ‘planos mágicos' sempre são representados
apoiados no chão? Por que não podem ser capturadas voando nem que seja
apenas alguns centímetros acima do chão? Estas são questões críticas que
os africanos ainda têm de perguntar.
Temos que quebrar o feitiço da ignorância que
paira sobre a África. Mentes medrosas, ignorantes, desperdiçando
recursos preciosos ao caçar bruxas imaginárias em cestas de abanar, devem ser
substituídas por pessoas educadas, honestas, administrando o progresso de
um continente emergente com suas reais necessidades.
Será que as autoridades da Suazilândia e Zimbábue
estão ouvindo o futuro chamado?
(Leo Igwe é um ativista cético na Nigéria e um ex- representante da
União Internacional Humanista e Ética. Ele colabora com a James
Randi Educational Foundation para responder de uma forma mais
organizada e local às crescentes crenças supersticiosas sobre
bruxaria em todo o continente africano)
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